quinta-feira, 25 de julho de 2013

Nos pênaltis, Atlético-MG se consagra campeão da Copa Libertadores 2013


A comunhão das arquibancadas do Mineirão bastou para dar ao Atlético-MG o primeiro título da Libertadores de sua história. Atuando fora do Independência, o time sentiu demais a falta do alçapão, exagerou na bola aérea, mas conseguiu na base da pressão reverter nesta quarta-feira a vantagem construída pelo Olimpia na primeira partida. Com um gol de Jô marcado no primeiro minuto do segundo tempo e outro de Leonardo Silva aos 41, a equipe fez 2 a 0 no tempo normal, anulou a vantagem dos paraguaios e venceu por 4 a 3 nos pênaltis.

Dono da melhor campanha no torneio sul-americano, o time encerra um jejum de 42 anos sem um título expressivo, coroa um trabalho iniciado ainda em 2011 com Cuca e realiza o sonho do presidente Alexandre Kalil de alcançar uma grande conquista antes de se despedir do cargo.

O confronto teve renda de R$ 14.176.146, a maior da história do futebol nacional, superando a despedida de Neymar entre Santos e Flamengo, em maio, no Mané Garrincha, em Brasília.

O Atlético-MG fez um primeiro tempo horrível e forçou demais no chuveirinho. Ao todo, foram 18 bolas levantadas na área nos 45 minutos iniciais. Faltava criatividade ao time, que exagerava na ligação direta ao ataque. O Olimpia chegou a desperdiçar chance de ouro com Bareiro.

Na volta para a etapa complementar, o Galo veio com outra atitude e não precisou de mais do que um minuto para abrir o placar com Jô em falha de Pittoni após cruzamento de Rosinei, substituto de Pierre. A equipe seguiu em cima tentando furar a frente de zaga congestionada dos adversários e acertou o travessão de Martín Silva. Aos 38 minutos, o zagueiro Manzur foi expulso. Com um a mais, o clube aproveitou o maior espaço e conseguiu o segundo gol em cabeçada de Leonardo Silva para levar o duelo para a prorrogação.

No tempo adicional, mais pressão e outra bola no travessão, dessa vez com Rever após cobrança de escanteio de Bernard, que atuou no sacrifício nos últimos minutos. Guilheme e Josué também passaram perto do terceiro, mas ficou no zero. Por 4 a 3, o Galo levou a melhor nos pênaltis.

O árbitro colombiano Wilmar Roldán, que teve o seu nome contestado fortemente pelos dirigentes paraguaios, teve atuação tranquila, sem chamar a atenção e repreendendo a cera dos visitantes.

Antes da partida, em confusão na entrada do estádio, torcedores sem ingresso aproveitaram falha da organização e pularam as catracas. Em contato com a reportagem do ESPN.com.br, a Polícia Militar informou que eles foram detidos por seguranças contratados pela Minas Arenas em seguida.

O Atlético-MG volta as suas atenções para o Campeonato Brasileiro. O time faz campanha apenas razoável e tem a chance de se aproximar dos líderes a partir do fim de semana, em clássico com o Cruzeiro, no Mineirão. Existe também a expectativa em torno do destino de Bernard, acompanhado nesta quarta-feira por um olheiro do Arsenal no estádio. O meia-atacante conta com uma oferta mais vantajosa do Shakhtar Donetsk, mas não quer ir. O Porto também está na briga.

O Olimpia entra em recesso e não tem a continuidade do técnico Ever Hugo Almeida assegurada. Outra preocupação da equipe é com a frágil situação financeira que rondeia os seus cofres.

O jogo - Na saída de bola, passe de Diego Tardelli para Ronaldinho, que recua para Rever. O zagueiro chutou para frente na busca de Jô. Não era o Independência, mas o Atlético-MG, atuando num Mineirão com as mesmas dimensões de sua casa, repetia a tradicional jogada.

Em busca do primeiro gol ainda nos minutos iniciais, o time partiu com tudo para cima. Logo aos 2, veio excelente chance, em roubada de bola pelo lado direito, passe de Michel para Tardelli na frente e excelente chute cruzado do atacante. Bernard e Jô chegaram atrasados e desperdiçaram grande oportunidade.

Na sequência, Tardelli despencou no chão e precisou de atendimento médico.

Com uma postura mais defensiva em campo, o Olimpia ameaçava no contra-ataque. Em subida, o polivalente Alejandro Silva, autor de um gol no jogo de ida, quase saiu cara a cara com Victor.

Pedindo bola a todo o momento, Ronaldinho tentava clarear o congestionado meio-de-campo. Em jogada na meia lua, ele resolveu arriscar e testou Martin Silva. O uruguaio rebateu mal, mas não havia ninguém do Atlético-MG no centro.

A equipe insistia nas bolas alçadas de um lado para o outro. Faltava maior toque de bola.

Aos 15 minutos, o Olimpia chegou perigo duas vezes. Primeiro, em troca de passes na entrada de área interceptada pela defesa e depois em saída falha de Victor em cobrança de escanteio batida por Salgueiro.

Os paraguaios aumentaram a pressão e tiveram uma oportunidade de ouro para abrir o placar. Bareiro invadiu a retaguarda alvinegra pela esquerda e, sozinho, chutou em cima de Victor. Ele também havia perdido chance clara na partida de ida. Mais um milagre para a conta do goleiro atleticano na Libertadores.

O Atlético-MG retomou o controle do jogo em seguida, mas falhava na transição do meio para o ataque. As principais jogadas do time vinham em bolas abertas pelas laterais e chuveirinhos na defesa do Olimpia. Mesmo com cinco atletas em sua linha de trás, os visitantes davam espaço. Em um dos cruzamentos, Tardelli ‘furou' sozinho e perdeu chance preciosa.

Substituto de Marcos Rocha, suspenso, Michel atuava quase como um ponta e era a válvula de escape do time para fugir da forte marcação paraguaia.

Com a ligação direta matando a maioria das tentativas atleticanas, o Olimpia aproveitava os contra-ataques e levava perigo. Aos 33, Alejandro Silva, sempre ele, arrancou pela esquerda e chutou rasteiro. Victor fez a defesa com tranquilidade.

Atlético-MG teve atuação horrível no primeiro tempo. Ao todo, foram 18 bolas levantadas nos 45 minutos iniciais. A sensação era a de que o time sentia falta do Independência e o seu formato acanhado.

Para a segunda etapa, Cuca mexeu no Galo, saiu Pierre e entrou Rosinei; Almeida colocou o grandalhão Ferreyra no lugar de Bareiro. E o Olimpia mostrou na saída de bola qual seria a sua proposta: no segundo toque na bola, chutão para "tentar" surpreender Victor.

O time paraguaio, porém, contou com uma falha terrível do seu herói no primeiro jogo, e o Atlético-MG abriu o placar aos 2 minutos: após cruzamento rasteiro da direira, Pittoni furou dentro da área, e a bola sobrou para Jô, que pegou de direita, firme, e fez explodir o Mineirão.

No lance seguinte, Ronaldinho cobrou lateral pela esquerda direto na área, em direção a Tardelli; o atacante tocou por cima de Martin Silva, mas a zaga tirou, colocando para escanteio.

Acuado, o Olimpia pouco ficou com a bola e apostou nos chutões para Ferreyra. Em um contra-ataque, quase o Galo fez o segundo. Bernard veio pela direita, cruzou alto, o goleiro Martin Silva ficou olhando a bola passar, e Diego Tardelli chegou por trás; o uruguaio fez uma defesa parcial, e Jô, de cabeça, mandou o rebote para fora.

A pressão atleticana no início da etapa final continuou, e Jô teve duas novas chances na mesma jogada: em ótima tabela na ponta direita, Rosinei tocou para o centroavante, que girou e chutou em cima de Silva; o rebote voltou para o ex-corintiano, mas a bola foi por cima.

Aos 14, em nova bola alçada na área, Leonardo Silva apareceu sozinho após cruzamento de Michel pela esquerda, cabeceou alto, mas viu a bola bater no travessão.

Dois minutos depois, os paraguaios conseguiram uma boa jogada no ataque, Candia cruzou para Salgueiro, mas frente a frente com Victor cabeceou para fora do gol.


Aos 19, Ronaldinho acha Tardelli entre os zagueiros, e o atacante dá um tapa de primeira para Júnior César avançar livre pela esquerda, invadir a área, mas bater em cima de Martin Silva.

O duelo, então, ficou ainda mais emocionante e imprevisível. Primeiro, Silva fez uma defesaça em chute de fora da área, e no rebote Tardelli, sozinho, isolou - sorte que estava em impedimento. Na sequência, em contra-ataque, Ferreyra conseguiu ganhar de Victor na dividida, mas na hora de ajeitar o corpo para bater, escorregou.
A situação do Olimpia ficou bastante complicada com a expulsão de Manzur, que já tinha amarelo, por falta quase na meia-lua.

E foi então que o milagre mais uma vez aconteceu: aos 41 minutos, cruzamento da direita de Bernard, Leonardo Silva cabeceou no segundo pau, a bola encobriu Martin Silva e morreu no canto esquerdo. Explosão de emoções no Mineirão, torcedores aos prantos, narradores quase sem voz. O Galo voltou a igualar um confronto após ficar em desvantagem. ‘Yes, we C.A.M.'

A final foi para a prorrogação.

Com um a mais em campo e milhares nas arquibancadas gritando, pulando e cantando, o Atlético-MG transformou o duelo em um verdadeiro Davi x Golias. O time paraguaio não conseguia passar do meio-de-campo, rifava a bola a todo momento; o Galo pressionava.

Réver cabeceou no travessão. Bernard cruzou fechado, mas Silva espalmou para escanteio. Josué arrisca de fora da área, e o uruguaio defende. Réver outra vez de cabeça, mas agora por cima do gol. As chances pareciam não acabar para o Atlético-MG nos primeiros 15 minutos.

A etapa final foi mais equilibrada, tudo porque Bernard sofreu com câimbras e pouco pôde ajudar os companheiros. Pittoni, que falhou no primeiro gol atleticano, ficou muito próximo da redenção em nova cobrança de falta: a bola passou pela barreira e tirou tinta da trave direita de Victor.

Alecsandro teve a chance da consagração aos 14 minutos: em rápida trama do ataque, o centroavante recebeu cara a cara com Silva, encobriu o goleiro, mas Miranda salvou de cabeça.

O título, agora, seria decidido nos pênaltis.

LFC Notícias/ESPN