segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Morte de filho mais velho encerra ciclo na família Brizola


Morte de filho mais velho encerra ciclo na família Brizola  José Doval/Agencia RBS
Com a morte de José Vicente, o sobrenome Brizola — um dos mais importantes da história brasileira — encerra um ciclo na política. O filho mais velho de Leonel Brizola (1922-2004) era o último representante de uma ala da dinastia inaugurada pelo líder pedetista que ficou conhecida por escândalos, brigas e dramas familiares.

José Vicente, morto na sexta-feira passada, chegou a se eleger deputado na década de 1990 e parecia seguir os passos do pai, mas viveu às turras com ele. Um dos problemas foi a divisão da herança da família. José Vicente não aceitava a partilha.

Em 2001, em mais uma afronta ao pai, ele integrou o grupo de dissidentes que trocou o PDT pelo PT. Brizola achava que os petistas usavam o filho para atacá-lo, e ambos deixaram de se falar.

No PT, José Vicente também se envolveu em polêmica. Em 2004, denunciou ter sido pressionado, na campanha de 2002, a levantar recursos para o partido junto a bicheiros e donos de casas de bingos. No governo Olívio Dutra (1999-2002), ele foi diretor da Loteria do Estado (Lotergs).

Apesar dos problemas com José Vicente, era Neuzinha quem dava mais dores de cabeça ao pai. Ela tentou entrar na política e chegou a se lançar a deputada em 2006. O projeto naufragou por conta das brigas com o PDT.

A filha caçula, que morreu em 2011, acabou se tornando famosa por atos extravagantes, pelo envolvimento com álcool e drogas e pelas brigas com o pai. Uma delas foi provocada por um ensaio para a revista Playboy. Irritado, Brizola conseguiu suspender a publicação.


Neuzinha gravou dois discos e chegou a fazer sucesso com a música Mintchura. Nesta época, o contraste em relação ao pai era extremo. Se Brizola havia conquistado respeito nacional ao lançar a Campanha da Legalidade nos anos 1960, a filha anunciava duas décadas depois a criação do Movimento Anarquista Tropicalista Energético, do qual era sacerdotisa. Em sua festa de casamento, Neuzinha vestiu-se de Cleópatra, e a cerimônia foi celebrada por Paulo Coelho.

Ao voltar de uma temporada na Holanda, em 1991, os problemas com drogas se agravaram. Chegou a ser presa duas vezes por posse de cocaína. No início da década passada, Neuzinha anunciou o encerramento da "fase negra" e abriu uma produtora musical. Era o fim das confusões provocadas pela caçula.

Como o terceiro filho de Brizola, o engenheiro João Otávio, não se envolveu na política, o legado do ex-governador está agora nas mãos dos três filhos de José Vicente: Juliana (deputada estadual), Brizola Neto (ministro do Trabalho) e Leonel Brizola Neto (vereador no Rio de Janeiro).

Fonte: Zero Hora